segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Mundial de Clubes tem de ser logo ali! *

Por João Eça (@balaotex)

No início, não gostava muito da música “Vamos Subir, Esquadrão”, por achar importada das torcidas do sul do Brasil, quando temos na Bahia grandes hits de axé e pagode que combinam e muito com as arquibancadas. Mas, me rendi quando vi o grito de guerra ser cantado de forma enlouquecida em bares, ônibus, praias e aeroporto. No refrão “Vamos Subir, Esquadrão”, a fisionomia dos que cantam revela uma suplica desesperada pelo fim de uma era em que a massa tricolor sofreu como jamais tinha ocorrido nos 79 anos de história do Baêa.

Ainda lembro do choro do goleiro William Andem, no primeiro rebaixamento, em 1997. Iniciava-se o tormento. (Na verdade, a crise começou antes, mas foi anestesiada pelo gol de Raudinei, em 94.)

E os fracassos continuaram, tanto na Segundona quanto no Baiano. Tudo bem, tudo bem: o tricolor foi bicampeão do Nordeste. Mas só retornou à Série A pelo caminho vergonhoso da virada de mesa, e logo depois o castigo veio em dobro, no inferno da Terceira Divisão. Sem antes passar pelo purgatório de levar 7 a 0 do Cruzeiro e 6 a 2 do Vitória. Neste Ba-Vi, eu chorei no Barradão pela primeira vez com futebol, pensando que o Bahia fecharia as portas.

A torcida tricolor teve de engolir jejum de títulos no estadual e derrotas para Coruripe, Ananindeua, Ferroviário e outros. Sem falar em carrascos como Pantico, um dos muitos nomes diferentes que atormentaram as zagas tricolores.

Até quando o Baêa conseguiu um dos poucos momentos de glória, no retorno à Série B, o grito ficou entalado, pois a festa foi interrompida pela tragédia da Fonte Nova. E a mãe Fonte é matreira. Ela começará a ser reerguida no mesmo ano em que o filho mais chegado vai retornar ao posto dos melhores do país. Quando ficar pronta, a Nova Fonte vai querer receber no seu gramado aquele velho tricolor campeão dos campeões.

Portanto, vamos comemorar até segunda-feira e depois começar a exigir qual e quando será a próxima conquista. A massa tricolor está igual a um gordo que ficou um dia inteiro sem comer: sedenta e com uma multiplicada fome por títulos e glórias. Vencemos o Inter em 1988. Vinte e dois anos depois, parece que o Bahia parou no tempo, se compararmos com o time gaúcho bicampeão da Libertadores. Não há mais espaço para amadorismo. Com a força de uma nação como a massa tricolor, o Mundial de Clubes tem de ser logo ali. Os tricolores não aceitam menos do que isso. Né não, Marcelinho Guimarães?

* João Eça é jornalista. Este texto foi publicado primeiramente na edição do dia 14/11/2010, do jornal Massa!, do qual João Eça é repórter.

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