sábado, 30 de dezembro de 2006

Ficcionalizando..... - Um conto de turismo ficção




Por Eric Luis Carvalho

Quando o paraiso é devaneio.
- Ôh fio do cabrumco! Sai daí! Ai tem tubarão barba preta!
Ernesto riu, e nadou em direção a areia. Quem o gritava era Picles nativo da região.
Tudo o que Ernesto precisava era de um pouco de férias, ar puro, descanso, liberdade.
E ali tinha tudo isso. Em Baixio Ernesto se sentia em casa.
Saiu da água, brincou com Picles, cumprimentou mais uns dos hospitaleiros nativos e seguiu.....naquele momento só uma coisa parecia incomum.
Era como se toda aquela cena, tivesse trilha sonora.
- Estranho....
Ao fundo ele ouvia a voz de Roberto Carlos cantando: Além do horizonte deve ter um lugar bonito pra gente viver em paz. Onde eu possa encontrar a natureza, alegria e felicidade com certeza.
Sim, era estranho, mas talvés fosse apenas magia de Baixio, e a canção até combinara, afinal ali sem dúvida ele encontrara alegria e felicidade.
Ernesto caminhou em direção a praia da Frente, e logo bebia água de coco observando alguns garotos que pegavam jacaré nas ondas do mar.
O sol, a marola, a tranquilidade, nada lembrava as buzinas, a gritaria e a correiria do dia a dia na cidade grande. Hora do almoço e o peixe fresco na mesma, que há poucas horas atrás ainda nadava nas águas do litoral norte baiano, também em nada remetia aos enlatados da rotina diária.
Conversa vai, conversa vem...nessas horas se percebe a importancia de um bom bate papo, uma boa conversa jogada fora....O balanço da rerde.
A manga rosa tirada do quintal da vizinha. O ócio.
Pela greta do portão, Ernesto via passar bois, vacas, mulas, potros. também ouvia o "boa tarde" dos que por ali passavam, e respondia pacientemente a cada um:
- Boa!
Não tinha que fazer planos, nem tinha compromissos.
-Quer dizer a visita a lagoa Azul passando pela trilha seria obrigatória. Baixio sem lagoa, não é Baixio.
Alias lagoa, depois Cachoeira e os oito km de bugree pela beira mar até a praia de Manocabo são programas indispensavéis para que chega ao paraiso.
Pensava Ernesto com si mesmo, mas isso era coisa pra amanhã ou depois quem sabe, oportunidades não iriam faltar.
A noite ele esta de volta a praia, observa o espetáculo proporcionado pela lua em parceria com o mar.
- Maravilhoso....
Na areia, sob o lual, os violões anunciam "o último romance", os Los Hermanos não estavam, mas pela empolgação com que se cantava era como se os próprios hermanos estivessem ali. Ernesto engrossa o coro e agora em companhia de belezas femininas vê ainda mais realçada a beleza do lugar.
Quando o sono chega trazido pela brisa maritíma, não se consegue resistir...Ernesto agora dorme. Provavelmente não tem com o que sonhar. Está vivendo um. Logo acorda assustado por um barulho estranho.
- Já seria o leiteiro anunciando a alvorada? Não! Era um velho conhecido da vida cotidiana. O despertador.
Ernesto acorda. Está num quarto de paredes azul, no sétimo andar de um prédio em plena metropóle soteropolitana.
Nem é preciso esforço e já se consegue ouvir as buzinas e demais ruídos de uma grande capital. - Tudo não passou de um sonho? Foi. Ernesto parece não acreditar. O sonho acabou?! Não, nem começou. O sonho esta a 123 km da capital baiana. Ele olha o calendário na parede, suspira...ri...gargalha.
O nome do último mês do ano em destaque é como um aviso. - Está quase na hora! Esta seria a última segunda-feira de trabalho do ano. Mais quatro dias e ... liberdade. - Falta pouco. Essa semana de trabalho seria feita com muito mais prazer do que todas as outras. Ele olha o relogio e se levanta.
Com a pressa de sempre, mas dessa vez com um sorriso diferente. Está pronto para ir. Sai de casa.
E antes que a porta do elevador se feche ainda é possivel ouvi-lo cantarolando. Ele vai e deixa o sonho e o verão, por hora, mas só por hora, pra mais tarde.

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