segunda-feira, 23 de julho de 2007

"Por onde andei..." - Chapada Diamantina 18 a 22/07

























Diário de Bordo
Viagem à Região da Chapada Diamantina (Brotas de Macaúbas/ Seabra)


Dia 1 : Partindo de Savador as 8h do dia 18 de julho, o ônibus de estudantes/pesquisadores apontou na BA 156 pouco antes das 17h, a partir de então eram apenas mais 39Km até a pequena Brotas de Macaúbas.
Talvez os 39 Km mais longos que qualquer um dos integrantes da excurssão tenham enfrentado. A estrada em péssimo estado, esburacada como muitas pelo Brasil. Indigna de ser chamada estrada, indigna de ser nomeada, porém leva ela o nome do ex-deputado Jonival Lucas, aquele mesmo do suposto envolvimento em negocioação financeiras ílicitas com o hoje ministro Geddel Vieira Lima no caso dos grampos telefônicos em 2001.
Passado os 39Km de buracos e poeiras, se avista um oasis, é Brotas de Macaúbas, cidade pacata, no coração da Bahia, uma cidade que tem muitas mais histórias pra contar do que se imagina. Ali em Brotas no povoado de Pintadas, a época desmembrado da cidade, foi morto Carlos Lamarca, assassinado por tropas do Exército, junto com José Campos Barreto, o Zezinho, filho da região e integrante da VPR (Vanguarda Popular Brasileira). Porém a visita a região não tinha na figura do “Capitão desertor” seu ponto principal. Lamarca tornou-se um dos mais ativos militantes da oposição armada ao regime militar brasileiro, mas o personagem principal de Brotas de Macaúbas é um outro perseguido pela ditadura militar no Brasil. Um conterrâneo do povo hospitaleiro e humilde. Um cavaleiro da esperança, Milton Santos. Ganhador do Prêmio Vautrin Lud, o Nobel da Geografia, em 1994. Pouco conhecido fora do meio acadêmico e não tendo sido batizado como Milton de Brotas de Macaúbas, pois migrou ainda criança para outras cidades como Ubaituba, Alcobaça e, posteriormente, Salvador, é comum que muitas pessoas não tenham conhecimento sobre Milton Santos, mesmo na sua terra natal.
Por volta da 20h da noite é hora de sermos recebidos formalmente pela cidade, numa reunião que contou com a presença de estudantes, secretários, gente da situação e da oposição, e acima de tudo do povo em geral. Povo que ouvia atento a cada palavra do Professor Doutor Fernando Conceição sobre o seu conterrâneo ilustre:
“- Orgulhem-se! Pois aqui nasceu Milton Santos!”
E demonstravam todo o seu orgulho, por aquele homem, mesmo sem terem, muitos deles, ouvido falar de Milton, antes desse encontro.
Mas naquela noite eles dormiram com brilho nos olhos e um brio nas alturas, orgulhosos, nascera ali o cavaleiro da esperança, Milton Santos.




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