domingo, 22 de novembro de 2009

Dois campeões, dois objetivos e dois sentimentos



Meu avô, que me ensinou muito do pouco que sei sobre futebol, nunca chamou o Bugre de Guarani de Campinas, mas sempre de Guarani de Careca. Nos últimos anos o time do simpático mascote indígena andou longe da elite da futebol, chegando a frequentar  a sofrível série C. Algo improvável para um time com a história do time campineiro. A campanha na série B de 2009 foi excelente, um início arrasador com várias rodadas na liderança e um invejável serie invicta, depois o time caiu de produção mas nunca deixou de frequentar o G4. Oswaldo Alvarez, o Vadão montou um time que mesmo sem um grande craque esteve acima da média durante a competição. O garoto Caíque revelado pelo Vitória foi o maestro do time, no ataque, vindo do Ituano, Ricardo Xavier tornou-se peça fundamental e com seus 14 gols tornou-se um dos destaques da competição. Ao longo do campeonato, o time teve outras peças chaves, como o bom lateral Maranhão e o goleiro Douglas.

A partida que decretou o retorno do Guarani à série A, foi no estádio de Pituaçu, como de praxe lotado. O Bahia precisava da vitória para acabar com a possibilidade de rebaixamento. A torcida baiana compareceu em massa. 31.560 torcedores pagaram ingresso para ver o time de Bonamigo, que desde o começo partiu pra cima do Guarani, no entanto o time de Campinas era visivelmente mais arrumado em campo.

O Bahia tinha dificuldades em armar as jogadas com o fraco Juninho e vivia apenas das tentativas do experiente Paulo Isidoro que tentava sem sucesso municiar o ataque. Aos 13 minutos, o atacante Jael foi derrubado na área e Leonardo Gaciba marcou pênalti. Na cobrança Nadson fez Bahia 1 a 0. Nos minutos finais do primeiro tempo, aos 46, saiu o segundo do Bahia. Juninho cobrou escanteio, Bruno Silva desviou, Beto cabeceou no travessão e o capitão Nen pegou o rebote,marcando o gol que deu números finais ao placar, para alegria da massa tricolor em Pituaçu.

O segundo tempo foi bem disputado, mas sem bola na rede. O Bahia criou algumas chances mas esbarrou na vagarosidade de Juninho e na falta de pontaria de Jael e Beto, que substituiu Nadson machucado. O Guarani também criou boas chances, principalmente pelas duas laterais, mas parou na, desta vez, bem postada defesa tricolor que contou com as defesas do vibrante goleiro Marcelo, ex-Corinthians, que vive no tricolor baiano a melhor fase da carreira. Com o jogo chegando nos minutos finais, o Guarani já sabia que com a vitória do Duque de Caxias sobre o Figueirense, o acesso estava garantido,e o Bahia da mesma feita já tinha o que lhe interessava, então os dois times passaram a administrar o resultado.

Ao apito final, muitas comemorações, e sentimentos distintos de dois grandes clubes campeões. Festa da torcida e jogadores do Bahia, que conseguiu se livrar do fantasma do rebaixamento, mas que não é digna de um clube da grandeza do tricolor baiano e alegria merecida do Guarani, de Vadão, figura competente e gente boa, que se mostra um especialista em série B. Em 2004 comandando o Bahia, deixou o acesso escapar na última rodada do quadrangular, mesmo sendo o tricolor o time com mais pontos no total da competição e em 2007 comandou o Vitória na campanha de retorno à elite do nosso futebol. Deste feita, mais uma vez em solo baiano, Vadão voltou a sorrir. A bonita festa nas arquibancadas de Pituaçu foi mais um ingrediente na festa do Bugre, campeão brasileiro de 78, o Guarani de Campinas, de Careca e do Brasil!

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