sábado, 16 de outubro de 2010

O Bahia da coletividade

Eric Luis Carvalho e Jéssica Maciel

A diferença entre Bahia e Náutico esteve a mostras mesmo antes da bola rolar em Pituaçu. Quando entrou em campo carregando uma faixa em homenagem ao volante Bruno Octávio, que machucou o joelho e está fora do campeonato, o time do Bahia demonstrou união. Sentimento que há muito tempo não era visto pelas bandas do tricolor baiano. O Náutico, que até começou a partida jogando bem, foi na maior parte do tempo, um time individualista. Prova disso foi a expulsão de Tinga – terceira dele no campeonato -, antes da metade do primeiro tempo, em uma atitude que prejudicou o time pernambucano, desmanchando o esquema de Roberto Fernandes. E diante de um adversário qualificado, jogando em casa, com mais de 27 mil torcedores em Pituaçu, e lutando pelo acesso, o individualismo custou caro para o Timbu.

Até mesmo quando usou o talento individual, o Bahia soube jogar em equipe. Vivendo um dos melhores da sua carreira, o lateral Ávine mostrou mais uma vez porque é um dos grandes nomes desta Série B. Os três gols do Bahia passaram pelos pés do camisa 6. No primeiro, um lançamento primoroso para Morais, que também vive uma grande fase, o meia cruzou para Adriano “Michael Jackson” escorar e fazer o primeiro gol do jogo. O Náutico tentou reagir de forma imediata, mas parou no goleiro Fernando. E então dos pés de Ávine saiu uma passe para Hélder que cruzou na cabeça de Adriano. Bahia 2 x 0. Sentindo o golpe, o Timbu praticamente se entregou em campo.

Sem Jancarlos, que deixou o campo machucado, Márcio Araújo precisou improvisar na lateral direita, colocando um volante e liberou ainda mais Ávine para avançar. E foi o lateral esquerdo quem deu um belo passe, em profundidade, para mais uma vez, Adriano marcar. Desta vez, o atacante que nas comemorações dança como o rei do pop, foi rei no quesito frieza. Corte no goleiro, gol aberto, golaço. Hat-trick e festa em Pituaçu.

O Náutico que deixou Alexandre Gallo no meio do caminho, agora deixa com Roberto Fernandes a missão de juntar os cacos. Para isso, precisa de uma dosagem de comprometimento - que deve começar na diretoria e se estender até as arquibancadas. Fernandes que deu esperança de recuperação aos alvirrubros, ao vencer o América-MG nos Aflitos, mas não conseguiu engrenar uma sequência de vitórias, tem condições de fazer um trabalho que permita ao Náutico terminar o ano ao menos de forma digna e sem nenhum tipo de susto.

Enquanto do lado do Bahia, o torcedor que por anos reclamou da falta de um elenco qualificado, hoje comemora ter no gol Fernando, enquanto não pode contar com Renê. Comemora a boa fase de Morais, que assumiu a condição de camisa 10, com as sombras do garoto Vander e de Rogerinho. No Bahia que caminha a passos largos para enfim voltar a Série A, a união parece fazer a força deste grupo. A cada gol, festa dos reservas, dos relacionados, da torcida. A serenidade de Márcio Araújo jogou para escanteio a desconfiança que o torcedor nunca escondeu sentir dele. Restando nove jogos, o Bahia abriu seis pontos sobre o 5º colocado e vê o sonho cada vez mais perto. E sem tirar os pés do chão, o coletivo tricolor parte para as últimas paradas. O momento atual dá mostras que o futuro próximo será de muita alegria.

Nenhum comentário: