quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

O Oscar 2008 e os moleques da Academia

A Academia Americana de Cinema revelou ontem o nome dos indicados ao Oscar 2008. Óbvio que não vi quase nada dos concorrentes a indicados e muito menos dos classificados.


Mas vi "O ano em que meus pais saíram de férias". Filme brasileiro dirigido por Karl Hamburger, o filme se passa no ano de 1970. Ano do tri-campeonato mundial de futebol. Momento em que a ditadura nos apresentava o fenômeno do crescimento e da repressão. "O ano…" foi um dos poucos filmes brasileiros que vi no cinema. Um filme que todo brasileiro deveria ver. Mas que não estará concorrendo ao Oscar.


Desta vez não vejo culpa nos velhinhos da Academia, "O ano…" é um filme que mexe com o sentimento de quem é brasileiro, de quem conhece de perto a história das perseguições, de quem ouviu dos pais e avós sobre os anos de chumbo. É um filme que fala de nós para nós.


Só quem é brasileiro, sabe o valor da imagem do jogador tchecoslovaco que faz um gol na seleção brasileira, e mesmo sendo de um país comunista, se ajoelha e faz o sinal da cruz na comemoração. Uma das imagens mais belas da história do futebol, mas que só quem é de um país apaixonado por esse esporte pode entender. Assim como o passe no vazio de Pelé para Carlos Alberto. Gol do Brasil. Tri campeão mundial.


A Academia não é boa o bastante para ver em "O Ano…" coisas especiais que notamos com um simples olhar desatento. Foi o filme de despedida de Paulo Autran, um dos maiores mestres da interpretação e da humildade que já se ouviu falar.

"O ano…" é um dos mais nacionais de todos os nacionais já produzidos neste país. Pode não ser uma obra prima, merecedora de n prêmios, mas é digna do carinho de todo brasileiro.


Pensando bem foi até bom não nos representar no Oscar, o maior prêmio que podia ganhar, dele ninguém tira, é o reconhecimento. Aliás, talvez só os Homens de Preto seriam páreos para a Academia. Seria engraçado depois da recusa ouvir Capitão Nascimento dizendo aos senhores do cinema: Não vai subir ninguém! E tirem essa roupa preta porque vocês são moleques! Moleques ouviu bem!

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