quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

O Bahia e o Barradão – Aqui não violão!

Na semana seguinte a tragédia de 25 de novembro na Fonte Nova, já se cogitava que o Bahia poderia mandar seus jogos no Barradão. Cogitação essa logo desfeita pelo próprio presidente do Esporte Clube Bahia, o senhor Petrônio Barradas.
Quase dois meses após o trágico acontecimento, o Bahia começa a sentir no bolso a falta da Fonte Nova.


O time que teve em 2007 a maior média de público do país, levando ao estádio mais de 38 mil pessoas por jogo, passou a levar 2 mil pessoas ao estádio Armando Oliveira, na cidade de Camaçari. O borderô trouxe problemas. Petrônio chiou. E agora se fala em alugar o Barradão. As diretorias de Bahia e Vitória prometem ouvir as torcidas antes de qualquer decisão, o rubro-negro faz hoje antes do jogo pelo Baianão uma pesquisa de opinião com seus torcedores.




Como torcedor do Bahia, sou contra. E não por um orgulho besta, simplesmente por achar que o Manoel Barradas é um patrimônio do Vitória e que este tem o direito de alugar ou não. E sendo rubro-negro eu não alugaria, por coerência.
Cresci ouvindo e também fazendo brincadeiras sobre o que chamávamos de "lixão", mas sempre tive a plena convicção da magnitude do empreendimento pertencente a Leão da Barra. Fui ao Barradão inúmeras vezes e na maioria delas o Bahia sequer estava em campo. É um patrimônio digno de um clube da elite do futebol brasileiro.


Agora o porquê de não ceder ao Bahia o Barradão:
Em menos de dois anos, o E.C. Bahia sofreu duas punições por invasão de campo. Uma em 2006, num jogo contra o Ipatinga, em que a torcida protestava contra a derrota do time e invadiu o gramado, transformando a Fonte Nova numa praça de guerra. E outra no mesmo dia do desabamento da arquibancada, no fim do ano passado, dessa vez em comemoração à ascensão à série B.


Logo me pergunto o que me garante de que uma invasão como essas não ocorrerão no Barradão, levando a interdição da única praça esportiva de Salvador em condições de uso?! Onde o Vitória jogaria na série A? A torcida do Bahia é antes de tudo pacífica, apaixonada, imensa, mas, os vândalos já estão embutidos nesses números. É certo que como diz João Moreira Sales, em A Violência e o Futebol, de Mauricio Murad (livro em que me debruço a ler no momento) nós torcedores somos a norma, e eles, os vândalos a exceção, mas eles, estão cada vez mais presentes em nossos estádios.


Conheço exceções que teriam prazer em ir ao Barradão apenas degrada-lo. O que me garante que não arrancarão a grama e subirão no carrinho da maca comemorando o título do Baiano enfrentando um time do interior, e depois darão a mais ridícula das desculpas. Precisávamos extravagar a alegria! Assim não dá.


Antes de ser torcedor do Bahia, sou torcedor do futebol. E os números jogam contra o Bahia, é triste, mas não dá pra confiar. É triste ver que a corja que administra o Bahia hoje é a mesma de anos e anos atrás, a mesma que teve por diversas vezes oportunidades para erguer o estádio tricolor, mas não o fez. Agora chiam. Os culpados são os mesmos. O presidente do Vitória diz que a vontade da torcida será respeitada. Espero bom senso da nação rubro-negra e que a dignidade tricolor não seja enganada pelos verdadeiros responsáveis pelas eternas derrotas, dentro e fora de campo, daquele que nasceu pra vencer.


O que amanhã uma manchete estampe os jornais: O Bahia de Barradas é barrado no Barradão.

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