domingo, 6 de fevereiro de 2011

O Trio Elétrico do Delegado



Antes mesmo da bola rolar, o primeiro BaVi de 2011 já estava condicionado a entrar para a história. O Bahia dependia do clássico para amenizar um crise que começou com um início ruim de campeonato. Um derrota poderia custar o emprego do técnico Rogério Lourenço e aumentar a crise que rompeu os gramados e terminou na dispensa do artilheiro do time, Jael, que na semana passada agrediu um diretor do clube. A instauração do caos dependia do resultado do jogo.

Já Vitória, ainda sob desconfiança do torcedor, entrou em campo disposto a fazer sua própria história. O clube não vencia o Bahia no Barradão desde 2006. De lá pra cá, nove jogos. Um tabu inconveniente, se levado em conta que graças ao santuário rubronegro, em duas décadas o Leão levantou mais taças de campeão do que tinha em noventa anos de vida. Além disso, o clássico deste domingo foi o primeiro em 19 anos, em que o Vitória, rebaixado no ano passado, entrou em campo um degrau abaixo do maior rival, que depois de sete anos voltou a Série A, no cenário nacional.

Então, se restava ao clássico a obrigação de ser histórico, nada mais justo do que um homem de muitas histórias, assumisse o posto de heroi, seu nome: Antônio Lopes. Quando assumiu o Vitória há poucas rodadas do final do Brasileiro do ano passado, Lopes fez respirar um time que agonizava, mas no fim, deu-se o pior. Apesar da queda, preferiu ficar e escrever a história à sua maneira.

No BaVi deste domingo, o primeiro tempo abaixo do esperado deixou os 14.835 pagantes sem muitas esperanças de ver um futebol que honrasse o clássico. Restou ao Delegado Lopes, o papel de alterar o rumo da coisa. Sem que fosse preciso trocar jogadores, o treinador rubronegro mudou o Vitória da segunda etapa. Da conversa de pé de ouvido no vestiário, saiu um Vitória disposto a vencer. Um Vitória onde o trio ofensivo Elkeson, Rildo e Neto Baiano pode mostrar que a confiança dada por Lopes não foi sem merecimento. Em dois minutos, Neto e Elkeson fizeram 2 a 0 e praticamente mataram o jogo.

O Bahia sentiu o golpe e foi um time perdido na maior parte do segundo tempo, com praticamente um único lampejo de reação em uma cabeçada de Pedro Beda defendida milagrosamente por Viáfara. A falta de rumo afetou até o técnico Rogério Lourenço, que tirou de campo o volante Boquita, que havia entrado no final do primeiro tempo e havia dado mais qualidade à saída de bola tricolor. No final, Rildo fez o terceiro e mostrou que o trio elétrico do Delegado pode dar o que falar. Apesar do triunfo, Lopes reconheceu que o time pecou em muitos pontos e prometeu melhorias. Ainda assim, avanços foram visíveis, como a boa atuação dos laterais recém-promovidos da base, Romário e Leo, que anularam as principais jogadas do Bahia pelos lados.

Ao Bahia, na quinta colocação e três pontos atrás do quarto colocado, resta juntar os cacos e refletir sobre a crise. Depois de perder a base do acesso, demitir Rogério Lourenço após a chegada do caminhão de contratações dos seus “garotos de confiança” pode ser um grave erro, no entanto mantê-lo diante do resultados ruins e do clima de insatisfação da torcida também é algo que pode custar caro no futuro. A faca de dois gumes está nas mãos da diretoria.

No lado rubronegro, o Delegado sorri de forma serena e segue o trabalho, apesar do trio elétrico, ele sabe muito bem que não há espaço para carnaval.

Também no blog do Lédio Carmona » O trio elétrico do delegado »

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