domingo, 13 de fevereiro de 2011

A segunda aposta

Depois de um épico final de ano, o Bahia entrou em 2011 cheio de incertezas. Enquanto a base do time que conquistou o acesso à Série A era desmontada, a diretoria fez uma aposta de risco e contratou Rogério Lourenço. O treinador iniciou o trabalho e foi determinante na contratação de jogadores jovens, muitos que se destacaram nas seleções de base, mas estavam sem espaço em seus clubes. Porém, após cinco rodadas de estadual, o time não deu liga e Rogério caiu. Vadão, sempre lembrado pela torcida pelo bom trabalho em 2004, foi a primeira opção e disse não. Mesma resposta dada por Geninho. PC Gusmão passou a ser a bola da vez, mas sem evolução nas negociações, a diretoria resolveu efetivar o auxiliar Chiquinho de Assis. Uma segunda aposta (de risco) em menos de dois meses, e justamente no ano em que o tricolor volta a sonhar alto, figurando outra vez na elite do futebol brasileiro, após sete anos de ausência.

Chiquinho de Assis é um velho conhecido do futebol baiano, começou a carreira há mais de 20 anos e obteve sucesso comandando as categorias de base de Bahia e Vitória. Foi responsável por revelar jogadores como Dida, Úeslei, Marcelo Ramos e mais recentemente Hulk e David Luiz. A experiência com jogadores jovens foi um fator determinante para a “promoção” de Chiquinho. A média de idade do time tricolor é de 23 anos.

Entre 2006 e 2010, Chiquinho esteve no futebol norte-americano, onde comandou o Miami FC e chegou a trabalhar com os tetracampeões mundiais Romário e Zinho. Ainda assim, vale lembrar que apesar de ter comandado um time de profissionais, nos Estados Unidos, Chiquinho disputou a USL (United Soccer League), uma liga independente e alternativa à principal liga do país, a MLS (Major League Soccer). No ano passado, Chiquinho voltou ao Bahia como auxiliar técnico e comandou o time B, na disputa do Campeonato do Nordeste.

Carioca de Niterói, Chiquinho é uma figura querida e com inúmeros serviços prestados ao futebol baiano, no entanto, sua efetivação após algumas recusas somadas à falta de opção no mercado deixa sobre o treinador o estigma de interino, convivendo com sensação de que pode ser substituído a qualquer momento. Além disso, a falta de união do elenco é algo visível no Fazendão, o que leva ao questionamento de que se seria Chiquinho, já envolvido na situação, a pessoa mais apropriada para resolver o problema. A missão não é das mais fáceis. O rival Vitória passou por experiência parecida no ano passado, quando deu ao assim como Chiquinho, auxilar Ricardo Silva, a chance de comandar o time. Ricardo foi campeão estadual e vice da Copa do Brasil. Demitido após um começo ruim de campeonato, voltou como solução até perder o cargo outra vez. O final da história não foi das melhores para o rubronegro que terminou rebaixado.

A Chiquinho resta saber lidar com as críticas, que diante de todas as circunstâncias serão ainda mais pesadas em caso de erros. À direção, com sua nova aposta, cabe reforçar o time e dar autonomia ao treinador, sem nenhum tipo de ingerência em seu trabalho. Questionada ou não, a escolha já foi feita. Agora é preciso arrumar a casa. O momento pede paciência. Um novo erro pode custar caro ao ano da realização da sonhada volta à Série A.

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