A menina burguesa, cercada por todos os lados por uma semelhante burguesia sentiu dó de um homem. Um pedinte. Barba por fazer e palavras que lhe faltavam. Não as tinha. Era mudo.
A burguesia sentiu pena da sua insignificância . "Ninguém fala com ele". Derramou lágrimas por ele. Talvez, as mais verdadeiras já vistas por esse pessimista autor.
O choro burguês não era só de pena. Passsava a impressão de vergonha. Uma vergonha que era de todos. Vergonha por omissão. Por falta de palavras. Por vergonha.
Horas depois lá estava o homem. Com alguns trocados no bolso a espera de um ônibus que o levaria provavelmente para casa, naquele começo de madrugada. O choro não mudou sua vida. Talvez um pouco das nossas. O choro não trouxe a eles as palavras. Mas talvez nos faça encontrar as corretas.
E ele se vai rumo ao desconhecido. A menina já recuperada do momento, talvez ainda pense nele. Talvez ainda lembre por alguns dias. Por algum tempo. Por hora, ela pede mais uma cerveja.
Um comentário:
Lindo.
Preciso dizer mais?
Já tdo ali, nas linhas, entrelinhas e html's deste post.
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