domingo, 24 de fevereiro de 2008

A menina e o pedinte

Numa dessas noites entre amigos, bebidas e bar, uma fato me chamou atenção. Um fato raro, curioso, engraçado, reflexivo.

A menina burguesa, cercada por todos os lados por uma semelhante burguesia sentiu dó de um homem. Um pedinte. Barba por fazer e palavras que lhe faltavam. Não as tinha. Era mudo.


A burguesia sentiu pena da sua insignificância . "Ninguém fala com ele". Derramou lágrimas por ele. Talvez, as mais verdadeiras já vistas por esse pessimista autor.


O choro burguês não era só de pena. Passsava a impressão de vergonha. Uma vergonha que era de todos. Vergonha por omissão. Por falta de palavras. Por vergonha.


Horas depois lá estava o homem. Com alguns trocados no bolso a espera de um ônibus que o levaria provavelmente para casa, naquele começo de madrugada. O choro não mudou sua vida. Talvez um pouco das nossas. O choro não trouxe a eles as palavras. Mas talvez nos faça encontrar as corretas.


E ele se vai rumo ao desconhecido. A menina já recuperada do momento, talvez ainda pense nele. Talvez ainda lembre por alguns dias. Por algum tempo. Por hora, ela pede mais uma cerveja.

Um comentário:

Lou disse...

Lindo.

Preciso dizer mais?

Já tdo ali, nas linhas, entrelinhas e html's deste post.