sábado, 24 de maio de 2008

Felicidade...

Desde que Washington marcou aquele gol aos 48 do segundo tempo e o Maracanã veio abaixo de emoção, que eu procurava palavras pra descrever aquele momento. O choro de Washington Coração Valente, o olhar no vazio de Renato Portaluppi Gaúcho e a felicidade que contagiou todos os amantes do futebol neste país - exceto os São Paulinos é verdade.


Mas hoje li no blog do Lédio um post fantástico escrito pelo jornalista Cal Gomes, chamado "Felicidade..." que era justamente o que eu gostaria de ter dito. Por que futebol não é guerra, violência, não é desejar mal ao outro. Futebol é compartilhar sentimentos. Iguais quando se trata do mesmo time. Diferentes se na noite anterior tivessemos sido adversários. Futebol se faz de paixão e de felicidade...

Reproduzo aqui o texto na íntegra. E no final, meu comentário no blog do Lédio sobre o texto.
Confiram depois o blog do Lédio e o do próprio Cal.


Felicidade…
por Lédio Carmona

Cal Gomes
http://www.mensagemnagarrafa.com.br/

Os ecos da heróica vitória do Fluminense acordaram esse vascaíno, que vos escreve, na manhã ensolarada do feriado de quinta-feira. O golpe da derrota do Vasco, também na noite anterior, já tinha sido assimilado…e já não me incomodava mais. Acordei feliz nessa bonita manhã de outono. Banho longo. Barba rápida… feita só de cima para baixo. Tomei em poucos goles um café puro, quente…e com muito açúcar. Tudo ao som da trilha sonora de ” O Gladiador”. 10 minutos depois já estava sentado no meu recanto predileto de Ipanema: Quiosque da Vieira Souto com a Teixeira de Mello. O relógio velho e desbotado no meu pulso ainda não marcava 9 horas…e a orla já estava colorida com dezenas, centenas, de camisas tricolores.

O sol preguiçoso caminhando de lado, me atingia o rosto e esquentava o frio agradável que essa estação nos oferece nessa parte do dia. Água de côco e um misto quente completaram meu café da manhã. Zuenir Ventura passou direto e reto pela pista em minha frente. Viu meu aceno e sorriu com o meu “Parabéns, Mestre!”. E continuou seu “trotar” com o rosto iluminado. Carlos Augusto Montenegro parou por alguns minutos…e também sorriu quando eu disse que ano que vem seria a vez do Botafogo na Libertadores, mas preferiu ser modesto e dizer que o Vasco ainda tinha chances…e que a partida com o Corinthians seria complicada. Coisas de botafoguense…

Aos poucos meus amigos começaram a chegar…um à um: Tonico, vestindo uma discreta camisa polo branca, estampando um pequeno escudo do Flu, foi logo me dizendo sorrindo: ” Cal…você acredita que meus três netos botafoguenses, vestidos com a camisa do Botafogo, assistiram o jogo do meu lado…e torceram muito pro meu tricolor?”. Em seguida chegaram Hélio Cipriano, o gáucho e colorado ,Léo Kielling, e o também gaúcho, Alexandre Garcia, que veio de Brasilia para gravar o Bom Dia Brasil. Durante quase duas horas, a conversa se desenrolou em cima da histórica vitória do Fluminense sobre o São Paulo. Todos estavam encantados. Quase não participei dela. Apenas ouvia e ficava acompanhando o desfile de pessoas sorridentes vestidas com os diversos modelos das camisas do clube de Álvaro Chaves: Laranjas, brancas, grenás, verdes…e a tradicional tricolor.

Um verdadeiro arco-íris pela orla ipanemense.
Nesse momento, comecei a pôr em prática minha mania de desenvolver filosofias simples e baratas. Aquelas que sempre nascem do nada nesses butecos das esquinas do Rio. Resolvi então, escrever o que pensei e mostrar para vocês…torcedores dos mais variados clubes do Brasil: Como é bom dividir a felicidade…e como é bom usufruir da felicidade alheia. Como nossa vida seria mais leve e bonita se todos pudessemos entender que tão importante que ser feliz, é permitir que os outros também sejam.

E que mesmo com nossas importantes rivalidades futebolísticas, devemos fazer força para respeitar e aplaudir a felicidade das conquistas dos adversários.
Só de imaginar a alegria que deve ter preenchido as almas e os corações de alguns amigos tricolores que tenho aqui no Jogo Aberto, como Ricardo Nunes, André Luiz, Luis Antonio, Olavo, Ant, Mundy, RG, Cid, Flucoelho …e dezenas de outros, também fiquei feliz. Fui “contaminado”. happy.jpgO torcedor são paulino deve entender que nenhum clube brasileiro sorriu e foi mais feliz no nosso futebol, nos últmos anos, do que o tricolor paulista.

Agora, deve aceitar, com fidalguia e respeito, que a felicidade devia mesmo seguir um pouco mais para outras bandas fora do Morumbi….para outros rostos e lábios.
Lá pelas 11:30 meu celular tocou. Atendi eufórico: - ” Fala, tricolor!”. A voz de meu amigo Alexandre, que tenho há 36 anos, carioca, mas residente em São Paulo, estava rouca e por isso ele simplificou: - ” Cal…jogo rápido…aonde vc está? Tadeu, também, veio de São Paulo para assistir aquele jogaço de ontem…está triste…vou pegar o cara no hotel e dar uma volta para mostrar nossa cidade bonita pra ele: Vamos nessa? Te pego aí no quiosque?”

Aceitei…e durante o resto da tarde, Alexandre dividiu sua felicidade comigo, com o meu irmão flamenguista Marcoz, com o são paulino Tadeu, e com a mulher dele…a corinthiana Viviane. Brindamos com chopp e caipirinha a nossa saúde, ao Rio…e a passagem do Fluminense para a semifinal da Libertadores da América.

Estou muito feliz em receber um pouco da felicidade dos tricolores…mas espero que em breve, como vascaíno, volte a dividir a minha própria com todos os outros torcedores.


Eric Luis Carvalho diz:

Perfeito Cal!
Como vascaino que tb sou, só tenho que assinar em baixo!
Lindo texto, lindo o maracanã daquela histórica quarta feira. Lindo o choro do Coração Valente e o olhar no vazio de Portaluppi…
Espero que a divisão da alegria dos vascainos possa aparecer logo e espero um dia poder reunir todos os meus amigos jornalistas pra bate papos tão bons quanto esse.
Por isso que as vezes chego a conclusão, o jornalismo é que nem o futebol….apaixonante!

abraços Lédio!



Um comentário:

Priscilla Bar disse...

Affff..Bacana o texto...relembrei os momentos do jogo...Nao sabia se chorava,se agradecia,se pulava,se olhava pra tv,enfim...4º feira tem mais.