sexta-feira, 11 de junho de 2010

Falta de Gaulle

Assisti (ou tentei) Uruguai e França em um bar com franceses para uma matéria publicada neste sábado no jornal. Por isso, aproveito que não deu pra analisar tecnicamente o jogo e coloco aqui na íntegra o texto da aventura com os nada empolgados azuis. PS: O texto foi publicado de forma reduzida.

Mesmo longe de casa, franceses não deixam de acompanhar sua seleção

Apesar da distância que separa o Brasil da França, a cada quatro anos a paixão renasce. É tempo de Copa do Mundo e os franceses que vivem na Bahia voltam a se sentir mais perto da terra natal.

Na estreia da França na Copa da África, no empate em 0 a 0 com o Uruguai, um grupo de franceses se reuniu para torcer em um restaurante na Barra. Morando há 25 anos no Brasil, o francês Sthephan Garrec diz que “nessa época tudo muda. A paixão fala mais alto. Você nasceu naquele país e o ama, então nessa hora tem que acompanhar.” Para Garrec, a Copa também é uma oportunidade de reencontrar os amigos. “É bom ter os amigos aqui, no próximo jogo todo mundo se encontra de novo.”

No entanto, os franceses não parecem muito confiantes com sua seleção, atual vice-campeã do mundo, para Jean-Eudes, de férias no Brasil, a seleção de seu país não deve ir muito longe na Copa. “A França está fraca” diz Eudes, com ar de decepção. O francês afirma que no mundial gosta de acompanhar todas as seleções, “a Copa é um evento muito bacana” e perguntado sobre qual é a seleção favorita para o título, ele responde sem duvidar,“o Brasil vai ganhar.”

Os franceses parecem ainda sentir falta do seu grande maestro, Zidane, que comandou a seleção nas últimas três Copas do Mundo. “É evidente a falta que ele faz, o meio de campo está muito embolado, ele era um diferencial” diz o brasileiro Israel Freitas, “intruso” no meio dos franceses que assistiam ao jogo no restaurante La Terrasse. Apreciador do futebol da terra do General Gaulle, Israel diz que torce pelos franceses para que eles avancem até encontrar o Brasil. “Quero que eles cheguem longe para pegar o Brasil e tirarmos a forra” diz brasileiro, lembrando que nas últimas três vezes em que enfrentou o Brasil em Copas, em 86,. 98 e 2006, a França levou a melhor, nas duas últimas oportunidades, comandada por Zidane

No jogo diante dos uruguaios, Zidane até apareceu no estádio para assistir ao jogo, mas para os franceses na Bahia, o único sinal do carrasco brasileiro estava na camisa do pequeno Enzo, filho dos proprietários do La Terrasse, o francês Nicolas Barrois e da brasileira Graça Barrois. Grávida do segundo filho, Graça que morou três anos em Paris, diz que muitos franceses costumam a se reunir no restaurante, já que este tem ligações muito fortes com o país europeu. A decoração alterna entre o verde e amarelo do Brasil, com o vermelho, azul e branco da França. Dividida também é a torcida de Graça, que admite torcer para os franceses desde que o adversário não seja o Brasil, porque nesse caso, “o coração fala mais alto e ele é brasileiro.”


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