sábado, 14 de fevereiro de 2009

PituAço por Caê

"O Pituaço, que é como a torcida do Bahia chama o estádio de Pituaçu, é bonito pra caramba. E ver a Bamor é experiência única. A Bahia é o único lugar onde se vê futebol com samba-reggae. E as palmas sincopadas que a galera bate? Só a elegância sutil de Bobô - que rima perfeitamente com a risada de Andy Warhol: gente do passado, lembra de “O rock errou”?, e das rimas de Rita em “Esse tal de Roque Enrou”?, também: conhecem rima toante, poesia espanhola, J.C. de Mello Neto? - a elegância de Bobô, eu dizia, por si só, já valeria uma ida ao novo estádio (que o governo de Jaques Wagner entrega à cidade com naturalidade suficiente). Mas o povo de Salvador naquele lugar, sob aquela luz e reagindo com aquele suingue, é luxo só. Tive enormes saudades de Tom. Ele teria adorado.

O jogo, o Bahia contra o Poções (time da cidade de mesmo nome, próxima a Conquista, me dizem), foi bom. Começou morno e parecia que ia continuar assim. Mas eu acho que os jogadores do Bahia perceberam que os poçõenses não estavam a fim de levar uma goleada igual à que tinham levado do Vitória (acho que 6 a 0) e reuniram forças e animação para fazer um gol em cada tempo. Os interioranos marcavam homem a homem - e não desistiram de lutar mesmo depois de alvejados. Mas o Bahia conseguiu fazer jogadas bonitas. Mas estas (como é tão freqüente no futebol) não foram as que produziram os gols. Os gols foram surpresas excitantes e algo desconectadas da lógica do jogo. Pensei muito no livro Veneno Remédio, de Zé Miguel Wisnik. E saí feliz."

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