quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Dois gigantes, um campeão

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Lédio Carmona

Daqui a alguns anos, o torcedor do Santos olhará para o poster de campeão da Copa do Brasil, em 2010, e recordará a campanha do Peixe. Na finalíssima, derrota para o Vitória por 2 a 1, num emocionante, apaixonante e vibrante caldeirão do Barradão, lotado por quase 40 mil rubro-negros baianos. Um mais apressado dirá:

- Mas foi campeão perdendo! Isso é feio!

Grande bobagem. Até porque seria impossível vencer o Vitória na noite histórica do Barradão. Os baianos jogaram no limite. Com garra, luta, estratégia, técnica e respeito ao torcedor. Como sempre foi muito difícil acreditar, desde o início da Copa do Brasil, que alguém teria força suficiente para desbancar esse enfeitiçado Santos, modelo 2010.

São duas histórias. A primeira, a da campanha. Ninguém foi melhor do que o Santos, nem mesmo o Vitória, que também fez uma trajetória exuberante na competição. A segunda, a da finalíssima. E nessa o clube baiano foi melhor do que o adversário. E o detalhe, aquele detalhe alguns ainda acham irrelevante, fez a diferença. Um gol, o de Edu Dracena, levou a Copa do Brasil pela primeira vez para a Vila Belmiro. Gol fora de casa. Esse é oregulamentoO Santos fez dois em casa e não levou nenhum. O Vitória fez dois em casa, mas tomou um. Aí foi a diferença. A grande diferença. O mais decisivo entre todos os detalhes.

santos3Mas como não reverenciar esse Santos, campeão da Copa do Brasil e que, em oito anos, ganhou três títulos nacionais (dois do Brasileiro) e três estaduais. Como não reconhecer o peso de um jogador, Robinho, que, por mais que seja demorado seu amadurecimento, nasceu para jogar na Vila Belmiro? Como não se curvar a um time todo de branco, atrevido, às vezes meio inconsequente, mas que goleou por 10 a 0, por 4 a 0, por 8 a 1 e que, no limite, superou adversidades contra obstinados Atlético Mineiro e Grêmio?

santossUm Santos que não foi brilhante no Barradão, mas que tinha na bagagem 39 gols em 11 partidas, numa média de 3,5 gols por jogo nessa Copa do Brasil. Um time que não foi tão estupendo como de costume em Salvador, mas que tem o peso de um campeão de verdade. Afinal, tem Arouca (melhor em campo, um monstro!), Wesley, Ganso, André (mais um jogo ruim), Neymar e Robinho, com Marquinhos no banco, sempre tem muita chance e estofo de ser campeão. Fora o comando firme, a cada dia mais de grife e vencedor, de Dorival Junior. Um Santos que ganhou tudo até agora em 2010 e que, apesar de alguns escorregadas, tem a marca do brilhantismo na temporada.

santos1O Santos não foi estupendo no Barradão porque esse adjetivo ontem foi do Vitória. Parabéns aos torcedores, que incentivaram, comandaram os gritos das aqruibancadas e jamais passaram do ponto e do limite da civilidade. Aplausos à diretoria baiana, que organizou o evento e recebeu uma decisão sem nenhum incidente. Méritos para o treinador Ricardo Silva, que atacou no limite, chegou a deixar cinco atacantes em campo, e não deu espaços na defesa. E nosso respeito aos jogadores que, mostraram empenho, força, preparo físico para encarar uma missão que teria de ser Erro Zero, não conseguiram cumpri-la totalmente, mas venceram a partida e saíram de campo reverenciados pelos torcedores.

Uma grande final de Copa do Brasil. Um grande campeão, o Santos. E que, diante da força e do poder de reação do adversário, o Vitória, deve olhar o tal poster, daqui a 20 anos, e recordar o quanto foi difícil ganhar esse título no Caldeirão do Barradão.

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