quinta-feira, 5 de abril de 2007

É tempo de Páscoa!

O Receptáculo mata a saudade das ficções. Em tempo de páscoa, a gente inventa.


Eu só queria explicação!
Coelhos, ovos, chocolate, morte, ressurreição, e o porque dessa junção.

Luisinho desde sempre foi um garoto cheio de dúvidas e complicações. Um menino problemático. Sentia-se mal por se chamar Luis com S, e ser chamado de Luizinho, sentia-se extremamente incomodado porque sabia que o Luizinho que escreviam nos convites de aniversário e afins, nada mais era que Luisinho.

Em toda época de páscoa, enquanto todas as crianças se empanturravam de chocolate ele passava todo período pensando em como coelhos, que ele aprendera desde a alfabetização que eram mamíferos, podiam colocar ovos. O simbolo da páscoa deveria ser sim o Ornitorrinco, esse sim apesar de mamífero põe ovos - pensava o garoto.


O mais dificil ainda era entender como os ovos podiam ser de chocolate, aquilo era tão inadimissível quanto aquele velhinho que chegava no Natal, todo barbudo, vestido com uma pijama vermelha e que ainda por cima entrava nas casas pela chaminé e ia de encontro a tudo que aprendera na vida, "entre na casa das pessoas sempre pela porta da frente, e se convidado, cuide da aparência, vista sempre uma roupa melhorzinha". Enfim aquele ancião e o coelho dos ovos de chocolate era para ele criaturas sem fundamento.


Não conseguia entender também o que tinha haver um homem crucificado há mais de dois mil anos com esses coelhos e os benditos ovos. O carinha que para ele morreu servindo de bode espiatório de mais uma necessaria manifestação popular.E que ainda por cima não tinha vergonha na cara e todo ano deixava que o insultassem, batessem e o crucificassem. Olhou para a tv, e viu um baixinho tentando fazer o milésimo gol da carreira e trazendo problemas mil para uma verdadeira legião de loucos, que gritavam o tempo todo, o nome de um navegador português num tal de Maracanã e chegou a conclusão de que se a páscoa fosse nessa noite, ele, o baixinho seria o crucificado.


Já havia enviado até aquele momento da vida, com menos de 15 anos, umas 300 cartas e uns 3500 emails a Jostein Gaarder, perguntando porque Sofia nunca teve a curiosidade de saber sobre a páscoa. Dizia ainda nos escritos que "Mundo de Luis" teria dado um livro muito melhor do que "Mundo de Sofia".

Mas de tudo que cercava o ambiente "pascolino" o que ele mais gostava era da mesa cheia, uma massa amarela de origem africana e que dizia no final "tapá", aquilo realmente tapava qualquer buraco no estômago, além dos variados tipos de peixe vindos de vária partes do mundo, ainda assim não entendia, mas comia, e comia com prazer.


Mas tudo que o garoto problemático sonhava pra essa época era o mesmo que sonhava pra todas as outras....

Muita paz, amor, alegria, sinceridade, boas lembranças e já que as pessoas pareciam felizes com ele, chocolate.

Ai ao fim de todo domingo de páscoa, o menino se deita, empanturrado, faz com a mão um sinal em forma de cruz no rosto, que também não sabe pra que serve. Olha na cabeceira e ri para um livro chamado "Cem Anos de Solidão" de um certo Gabriel não sei o que...e desejou fazer parte daquela história mesmo sem velhos barbudos e coelhos ovíparos.




O Receptáculo volta no pós feriadão pra falar de Caetano Veloso.
Com o perdão pelo devaneio acima, é que desejo uma boa páscoa! E que os coelhos geneticamente modificados tragam tudo que o garoto Lui(z)sinho deseja para todas as épocas.

Tududibaum!

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