segunda-feira, 1 de junho de 2009

Com a proteção dos Tribunais de Conta, que venha 2014

Após a confirmação das 12 cidades sede, o presidente da CFB, Ricardo Teixeira declarou: "Acabamos de passar no vestibular, temos quatro anos para recebermos o diploma". Não sou fã do senhor Ricardo Teixeira, mas creio que desta vez ele tem razão. Serão anos difíceis, onde estarão a prova a competência, honestidade, dedicação e muito algo mais de todos os envolvidos.

Em relação às cidades escolhidas, a minha única surpresa ficou por conta de Floripa não ser uma das escolhidas, a cidade até onde eu sei é um dos grandes expoentes do país no quesito turismo, com um forte rede hoteleira.

Em minha opinião, Natal foi a grande surpresa (que já nem foi tão surpresa assim). A bonita cidade nordestina venceu justamente Floripa, conta-se que o lobby político foi grande. O apaixonado povo de lá sem dúvida merece a Copa, mas a cidade deverá provar o porque da escolha. O projeto é audacioso. É esperar pra ver.

Li muita coisa sobre as escolhas da Fifa em relação às cidades. Algumas tão boas que acho necessárias serem reproduzidas aqui. Com os devidos comentários deste blogueiro.

Carlos Cereto: Não sou daqueles que acham que em um país onde há gente que ainda morre de fome e que ainda há os que não sabem ler nem escrever, não deveria haver uma Copa do Mundo, Olimpíada, ou grandes eventos esportivos, tendo em vista que há outras prioridades na área social. Respeito muito os que pensam o contrário e nem acho que estejam errados, mas entendo que uma coisa não exclui a outra. É perfeitamente possível, ou pelo menos deveria ser, realizar em nosso país uma Copa do Mundo sem deixar de lado os problemas mais latentes da nação.

A Copa 2014 deve ser o instrumento para o avanço do Brasil, e não do progresso de apenas alguns em detrimento do país. É claro que em um país onde a corrupção é cotidiana e já não gera mais indignação posto que virou “carne de vaca” é natural desconfiar-se de como o dinheiro público será administrado, tendo em vista que o governo arcará com a infra-estrutura. Cabem aos homens de bem e a
quem de direito fiscalizar e assim deve ser sempre. É a grande chance de o país provar que uma Copa do Mundo, ao contrário do que foi o Pan, pode deixar um legado esportivo, estrutural e econômico nas doze cidades escolhidas para a Copa.

Há muito que se fazer em termos de estádios, arenas, hospedagem, hotelaria, transporte, energia, etc. Tudo pode ser melhorado e a realização da Copa no Brasil deve incentivar para que isso aconteça inclusive gerando empregos temporários, imediatos e efetivos. Não vivemos em um país dos sonhos, mas podemos sonha
r e lutar sempre por um Brasil melhor para nossos filhos e netos.

Como Jornalista esportivo, adoro o fato da Copa de 2014 ser no Brasil. Será ótimo para minha atividade. Sobretudo, será ótimo para quem gosta de futebol, e excelente para o país se souber aproveitar a oportunidade de crescer com
o potência futebolística e como Nação. [Concordo exatamente com o que disse o Cereto, todos sabemos das dificuldades do nosso país, da miséria, da corrupção, mas nada disso pode impedir-nos de avançar. Se for mesmo um mal, como pensam muitos, é um mal necessário. Que venha 2014. Estaremos de olho.]

Lédio Carmona: Agora, é viabilizar o projeto do Mundial. Criar estádios, com responsabilidade fiscal e social, para abrigar a maior competição de futebol do mundo, melhorar o sistema de transportes, criar áreas de estacionamento, avançar o setor hoteleiro e remediar a violência nas ruas. Há tempo para isso. Mãos à obra. [Dom Carmona, como sempre claro e objetivo disse o que é preciso ser feito e sinceramente creio que deixadas de lado picuinhas político eleitoreiras somos sim capazes. Mãs à obra!]

Juca Kfouri : O PRESIDENTE da CBF acredita que vive num país de néscios, razão pela qual passou meses repetindo que a Fifa é quem escolhe as cidades-sede da Copa do Mundo. Verdade que há ex-jornalista em atividade que repete a falácia na TV, apesar de saber que o formal não existe no futebol, só existe o informal e a politicagem.

Mas vale saudar a escolha de quatro cidades do Nordeste, região que mais tem a ganhar com a Copa. E lamentar a escolha de Cuiabá, no Mato Grosso do governador "motosserra de ouro", título dado a Blairo Maggi pelo Greenpeace, em homenagem ao maior produtor de soja do mundo e um dos maiores desmatadores do país. Para uma Copa que se pretende ecológica, nada menos apropriado, embora Maggi tenha bem mais de um milhão de razões para influenciar decisões no mundo do futebol.

Tão natural como a escolha de Manaus para representar a espoliada Amazônia, apesar de Belém ter mais tradição futebolística, teria sido a de Campo Grande para mostrar as belezas do Pantanal. Mas, de tudo, o que mais salta aos olhos é a indefinição sobre quem fará a abertura da Copa.

Claro está que Ricardo Teixeira esperará quanto tempo puder para se definir entre São Paulo e Minas Gerais, ou melhor, entre José Serra e Aécio Neves, além de guardar Brasília como uma terceira hipótese, mais para constar e disfarçar o que está, de fato, em jogo.

Não fosse a dúvida sobre qual dos dois será o candidato tucano à sucessão de Lula e o cartola já teria se resolvido pelo ungido, embora seu coração penda claramente para Neves, seu amigo e mais parecido com o yuppie Fernando Collor -até pelo silêncio que impõe à imprensa mineira, como se fosse a alagoana-, a quem o ex-genro de João Havelange chamava de "meu presidente". [Juca é do tipo de opinião sempre necessária de ouvir. É crítico e cético em relação a Ricardo Teixeira, como a grande maioria de jornalistas sérios deste país, a diferença é que tem a liberdade de por o dedo na ferida sem que o incomodem. Traz a cada dia revelações sobre os bastidores da Copa e se surpreende com a escolha de Cuiabá em vez de Campo Grande. Nas palavras de Juca fica claro que lobby político foi decisivo na escolha das cidades. A romaria até a CBF foi das maiores nos últimos meses.

Décio Lopes: Por ora, com aqueles videozinhos, aquelas animações gráficas dos escritórios de arquitetura, é tudo lindo, maravilhoso e facílimo. Basta um clique e pronto… As estruturas se erguem, os entornos se embelezam, o mundo fica perfeito e acabado. Ilusão. A realidade é muito mais complicada - e cara - do que clicar uma animaçãozinha de Mac.

Vai ser barra pesada! Vai dar trabalho à bessa! Vai levar dinheiro pra caramba - e esperamos que este seja muito bem gasto. Vamos precisar em todas as áreas de gente qualificada, séria, competente, HONESTA e profissional. Não me venham, por favor, com políticos, amigos de políticos, amigo do amigo, indicados, curiosos, etc… De boa vontade o inferno está cheio! De má intenção então…Waaal! [O post do Décio é um dignos daqueles "onde é que eu assino?" Vale a pena ser lido integralmente.]

PVC: A escolha teve critério técnico, evidente. Não é certo dizer que a Copa deveria acontecer apenas nas cidades que têm clubes de Série A ou representatividade no futebol. É importante levar o Mundial a cidades turísticas, ao Pantanal, à Amazônia, e tentar recuperar o futebol bem jogado nessas regiões.
Não é no que a CBF pensa, fundamentalmente.
A Copa precisa ser um meio, não o fim, para que o futebol brasileiro possa ser jogado em todas as regiões do país. Para que o Brasil seja de fato o país do futebol, coisa que hoje não é.
Não é no que a CBF pensa, fundamentalmente.
Quando se dizia neste blog que Cuiabá levava vantagem, sempre se deixou claro que a questão política tinha peso decisivo. Que o governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, não havia entrado na conversa para perder. Era informação.
Curitiba esteve perto de ficar fora do Mundial, por desavenças políticas entre o governador Roberto Requião e a CBF. Quando as arestas foram aparadas, este blog também informou.
As 12 sedes são exatamente como a ESPN Brasil noticiou nos últimos meses.
Não é hora de festejá-las, como muita gente por aí está fazendo.
Assim como se acertou aqui a maior parte das informações sobre as 12 sedes, o compromisso é seguir atento às informações que tenham a ver com a construção das arenas, com o legado que possivelmente não virá, e com atenção redobrada com qualquer perspectiva de corrupção. É informação. As que diziam respeito à escolha foram praticamente todas acertadas. As que dizem respeito à sequência da Copa, a atenção aqui não faltará. [Paulo Vinicius Coelho dá uma aula do que é jornalismo. É informação, sempre coerente e imparcial e deixando o recado, estamos de olho.]

Meu grande temor é em relação aos elefantes brancos, estádios que irão nascer de milhões provenientes de recursos públicos (e claro também privado!). Estes devem ter algum uso depois da Copa e ai cabe às cidades sem maiores tradição no futebol a façanha. Que o legado traga crescimento e menos desigualdade a este país.

Nas imagens, a festa feita emSalvador após o anúncio das cidades sede. O governador Wagner e o ministro Geddel, pais da criança soteropolitana, acompanharam o anúncio juntos no Pelourinho, mas podem não estar em 2014. No Barradão, Ivete Sangalo comandou a festa. Por fim, uma projeção da nova Fonte Nova, templo maior do futebol baiano que será reformado para a Copa - com direito a bandeiras tricolores numa futura Fonte lotada!

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