sábado, 4 de julho de 2009

Crucifica-o

Gallo errou. O time mais um vez demonstrou não ter qualidade. E no fim o que se ouvi foi um "adeus Gallo". E o treinador balança. Informações não oficiais dão conta de que ele teria sido demitido ainda nos vestiários. A assessoria tricolor nega. Mas vamos ao que aconteceu no sábado.

Pra começar mais fila na venda de ingressos, desta vez fui ainda pela manhã comprar de forma antecipada, obviamente que peguei fila e quando cheguei em casa já era hora de sair de novo, caso contrário perderia o jogo. Não vou reclamar pela milésima vez que atitudes como esta da diretoria apenas fazem com que o torcedor fique cada vez mais longe do time. O público de sábado foi oficialmente de 12 mil pagantes, mas com todo respeito, se tinham APENAS 12 mil em Pituaçu no sábado, NUNCA caberia naquele estádio 32 mil pessoas. Mas vamos ao jogo.


Mais uma vez Gallo escalou o que de melhor(?!) tinha a disposição. Creio que mudando uma ou no máximo duas peças (Leandro e Rubens Cardoso estavam suspensos), era esse o time que torcedor escalaria. Marcelo, Marcos, Evaldo, Nen e Ávine; Marcone, Elton, Hernani e Hélton Luiz; Joãozinho e Reinaldo.

No começo creio que não faltou vontade. A torcida empurrou e o time foi pra cima, porém o meio campo mostrava toda a sua falta de inspiração - não serei hipocrita ao criticar um jogador como Elton, por exemplo, fundamental para esse time, mas que não vive uma boa fase, há quem diga que por conta das mudanças táticas do treinador, o que eu discordo. Mas além da citada inspiração, faltava também qualidade. Hernanes e Marcone não eram tão bem nos desarmes quanto Leandro, que fez falta e ainda por cima saiam tocando a bola bizonhamente, errando passes de dois metros. Na frente Helton Luiz mostrava que apesar do apelo da torcida para a titularidade, não é o homem que vai carregar esse time. Por sinal, seria bom ver o garoto treinando cobranças de escanteio durante a semana, já que não cobrou sequer um que fosse digno de um "parabéns pela tentativa" , incluindo o que gerou o gol do Figueirense após a bizarra furada de Avine.


Mas só vontade não ganha jogo e se a bola não chegava, o ataque não tinha como colocar a bola pra dentro. Avine era o melhor em campo fazendo ao lado de Ananias uma boa opção de ataque pela esquerda. Ananias que entrou ainda no primeiro tempo no lugar do zagueiro Nem, que saiu contundido. Mas jogar mais de 20 minutos bem parece demais para Ananias, logo passado esse curto período de empolgação com as jogadas da dupla da base o time não mostrava opções de como chegar ao gol diante do fraco Figueirense, que jogava desde os 30 minutos do primeiro tempo com um jogador a menos, após expulsão de Luciano Totó - que por sinal achei injusta, foi muito mais bola na mão do que mão na bola. O castigo veio após mais um escanteio mal cobrado por Helton Luiz, no contra golpe, Avine - que não sei porque era o homem da sobra, falhou feio e Rafael Coelho, artilheiro da série B com oito gols, não perdoou. Figueira 1 a 0 pra alegria do técnico Roberto Fernandes e uns 30 catarinenses que foram às arquibancadas de Pituaçu ver o time.

O time foi para o intervalo debaixo de vaias. Na volta, Joãozinho deu lugar para o sofrível Joelson. Cheguei a pensar que Joãozinho e seu físico invejável de bom baladeiro não tivesse resistido ao pique, por isso guardei as críticas a Gallo pela substituição errada, obviamente que não a Joelson - o erro. Esse por sinal é tão ruim que qualquer um que errasse um passe no segundo tempo, ouvia de algum torcedor: "Joelson, seu miserável!". No fim Gallo assimiu o ônus pela mudança alegando que quis dar velocidade ao time. Segundo ele Joelson faz isso muito bem nos treinamentos - pra mim Joelson será sempre um erro. Pesado, perdido e pífio. A situação não era das melhores e o time mostrava despreparo emocional com a pressão que vinha das arquibancadas, já que o Figueirense só se defendia. Avine, o mesmo do erro e melhor do primeiro tempo, mantinha o ritmo e conseguiu um pênalti aos 5 minutos do segundo tempo, porém Reinaldo Alagoano telegrafou nas mãos de Wilson e perdeu o que seria o empate tricolor. O erro só contribuiu para aumentar o desespero do time que sentiu o golpe. O Figueira como deveria ser, acordou e voltou ao jogo, até levando algum perigo ao gol de Marcelo em momentos isolados.

Gallo ainda colocou Paulo Roberto em campo, mas não deu certo. Não era dia do menino das trancinhas e jogadas de poltergeist. O fim do jogo ia se aproximando e a torcida passou a se concentrar atrás do banco de reservas tricolor e o que se ouviu foi um sonoro "Adeus Gallo". O diretor de futebol Paulo Carneiro também foi "homenageado" pela torcida. Vale ressaltar, que o protesto foi pacífico. Quando o juiz apontou o centro do gramado, Gallo tinha a exata convicção de que poderia ter sido aquele seu jogo de despedida. Ainda que bastante hostilizado repetiu o ritual de cidadão bem educado que é e foi cumprimentar o treinador adversário, no caso Roberto Fernandes. Na descida para o vestiário deu declarações que independente do modo irônico ou não, irritaram membros da imprensa, que como de praxe, passaram da forma deles para a torcida, irritando ainda mais a massa tricolor. Não comentarei aqui as declarações que pra mim não foram de falta de respeito ao torcedor do Bahia, mas de quem não leva a sério certos profissionais da imprensa local, assim como eu, discussão grande e complexa demais para ser feita aqui.

Horas depois do fim do jogo, as notícias já davam como certa a queda de Gallo. Continuo com a opinião de que não era dele a culpa, porém depois da partida de ontem, tive a exata certeza de que para o bem tanto do Bahia quanto do treinador, que se mostrou um profissional ético e de muito caráter, o melhor caminho seria mesmo a separação. Não há mais clima, alguns jogadores do elenco se mostram insatisfeitos, o time não rende e jogadores trazidos com a confiança do treinador deveriam ser proibidos de jogar pelada de condomínio para que não maltratem a bola.

Enfim, o melhor para Gallo é seguir seu caminho e para o Bahia, além de contratar um treinador de peso, especialista nesse tipo de competição e com apetidão para millagres, contratar e contratar. Afinal a culpa de dez mil chutes errados e outros dez mil erros de passes não pode ser atribuida a Gallo. Falta qualidade. Qua-li-da-de. O certo é que como queriam muitos, Gallo errou e a voz da massa gritou: Crucifica-o!

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