sábado, 15 de agosto de 2009

Fonte Nova: O veredito diz: Inocentes

Superintendente Bobô é inocentado da tragédia da Fonte Nova
Alan Botelho, do ITAPOAN ON LINE

O diretor-geral da Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), Raimundo Nonato Tavares da Silva, o Bobô, foi absolvido do acidente que causou sete mortes no estádio da Fonte Nova. O veredito foi dado em sessão realizada nesta sexta-feira (14/08), no Fórum Ruy Barbosa, com menos de uma hora de duração.

Além do ex-jogador do Bahia, também foi inocentado o engenheiro Nilo dos Santos Júnior, diretor de operações da Sudesb à época da tragédia. A promotoria deverá recorrer da decisão na próxima segunda-feira (17/08).

Durante o empate sem gols entre Bahia x Vila Nova, em 25 de novembro de 2007, pela série C do Campeonato Brasileiro, o piso do anel superior do estádio da Fonte Nova cedeu e deixou sete mortos e mais de 50 feridos. Bobô e Nilo foram acusados de negligência por terem permitido a realização de jogos na praça esportiva, visivelmente sob más condições.

A notícia diz tudo. Ninguém foi punido - ao menos em primeira instância - pelas sete mortes ocorridas naquele trágico 25 de novembro. É extremamente complicado entrar no mérito de culpar alguém por uma tragédia como aquela. Mas considero como extrema omissão, não dizer que a causa da maior tragédia do futebol brasileiro foi o descaso. Frequentei a Fonte Nova desde 1989, com apenas um ano de vida e estive presente no seu último momento, naquele triste dia. A degradação podia - e ainda pode - ser vista por qualquer um. Rachaduras, infiltrações, falta de conservação, tudo isso não pode ser tratado com outra forma que não como descaso.

Não culparia apenas Bobô e Nilo, que assumiram o cargo de diretor-geral e diretor de operações (respectivamente) da Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb) em janeiro de 2007, logo tinha apenas 11 meses de gestão - o que também não os inocenta. Sob o meu ponto de vista, todos os últimos gestores da Sudesb, além de representantes da Federação Bahiana de Futebol, CBF e do Esporte Clube Bahia deveriam sim, terem sido indiciados pela tragédia. Entrevistei exatamente, um mês antes da tragédia, o diretor de operações Nilo, e lembro como hoje quando ele nos disse que a expectativa era de receber em breve um jogo da seleção. Questionamos se seria necessário obras e Nilo respondeu que o estádio só precisava "de uma pinturinha."

Existiam laudos que comprovavam que a Fonte Nova não poderia mais receber aquela capacidade de público - no dia da tragédia foram 60 mil pagantes, sendo que como de praxe na Fonte Nova, outros milhares entraram sem pagar, o que eleva ainda mais o público presente. Logo existiam provas do descaso. Mas quem ousaria fechar a Fonte naquele momento, com seguidos jogos com mais de 50 mil pagantes. E o prejuízo no bolso do Bahia, da Federação e da CBF, quem pagaria. Restava apenas um jogo, nada aconteceria. Mas o roteiro infelizmente, não foi assim.

O certo é que por hora, ninguém é culpado, os mortos seguirão sendo lembrados pelos seus e por aqueles que todo santo dia passam próximos da velha senhora adormecida. Uma nova Fonte vai surgir para 2014, mas algumas feridas da antiga continuaram abertas. O certo é que ainda é estranho como tudo isso ainda dói, principalmente em quem viu ali crescer o amor pelo futebol, esteve no dia da tragédia e ainda viu entre os mortos, velhos conhecidos.

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