Após confirmar a Alemanha como sede do Mundial Feminino de 2011, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, fez o tão aguardado anúncio abrindo o envelope com o resultado da votação por volta de 12h36m (de Brasília). Todos os 20 membros do Comitê Executivo da Fifa votaram a favor da candidatura do Brasil.
Frequento estádios de futebol desde os 6 anos. Aprendi a gostar dos meus times do coração, mas acima disso a amar o futebol. Vi a felicidade que esse esporte pode proporcionar ao sofrido povo desse país.
E é justamente por esse povo que me preocupo, será que vai ser possível fazer uma copa do mundo com com responsabilidade social, financeira e fiscal? Nesse país de malas e cuecas?! Sinceramente não sei. E sinto por não saber, sou um apaixonado por futebol que nasceu no nordeste brasileiro numa familia apaixonada por futebol – horas antes de nascer, eu jogava bola na barriga da minha boleira mãe – divida na torcida por um time do meu estado o Bahia e um do Rio, o Vasco.
Poderia estar muito feliz em saber que a copa será realizada aqui. Como em 2010 já estarei formado penso em ir a da África, mas tudo ainda é uma grande icógnita. Ainda assim me sinto numa faca de dois gumes com essa confirmação da FIFA. Logo abaixo vinham possíveis as sedes e lá estava a minha querida Salvador, com a proposta de construção da Arena Bahia, ou Arena BaVi como esta sendo chamada por aqui. Investimento estrangeiro e privado que vai gerar mão de obra nacional, empregos na construção civil, muito bom. Mas ai eu olho e enxergo a Fonte Nova, monumental, linda, cansada estruturalmente após 50 anos de descaso mas que hoje a cada rodada da serie C do campeonato brasileiro faz qualquer um sentir um arrepio de felicidade.
Ou apodrecerá servindo de abrigo para os moradores de rua como já é hoje?
Eu que tenho hoje 20 anos e há 14 freqüento a Fonte não imagino outro destino pra ela a não ser o de levar meus filhos para ver o Bahia jogando, e sentar de frente para as cabines de imprensa, sob o refletor que balança.
E o Barradão? Fruto da luta de apaixonados rubro-negros será esquecido também? Como ficamos com um quarto estádio – já que o municipal Roberto Santos apesar de todas as suas qualidades de infra-estrutura, e mesmo não contando com um bom sistema de transporte, esta abandonado as traças - , o que fazemos com eles? Nossa Arena ficará de herança para quem? Para nossas crianças? Quantas delas poderiam ter sido salvas se em vez de arenas construíssemos hospitais e escolas. Enfim um dolorosa dúvida persiste.
Pode ser que sim, Dei sorrisos sem graça, acompanhado a cerimonia, vi um Lula muito feliz, emocionado, “mais uma conquista” pareci apensar, vi a alegria dos governadores-turistas em Zurique que pareciam cochicar “e os relógios onde achamos?!”. Vi um Romário pensativo talvez com a bola defendida por Diego Cavalieri no fim do jogo contra o Palmeiras. Assim como Dunga que tinha cara de “2014...será que eu duro até lá?”.
O Povo brasileiro fez festa, merece essa festa pra daqui a 7 anos, mas merece muito mais que um alto investimento governamental em Arenas esportivas. Li na Coluna de Tostão no domingo essa mesma preocupação por parte dele, é quase inconcebível imaginar que apenas a iniciativa privada fará a copa do mundo, o governo investirá e muito, como se viu no Pan, e que imposto terá que ser criado para que banquemos a copa? A CPMF muda de nome? Contribuição para manutenção do futebol? Não sei. No momento me sinto o ser mais dúbio do universo. Comemoro ou me preocupo. A Copa é nossa. E agora o que fazer com ela?
Saudações futebolísticas apaixonadas!