segunda-feira, 8 de outubro de 2007

O Terceiro Milagre

- Bahia conta com apoio do ABC, do FAST, da arbitragem, da torcida e com um gol aos 49 do segundo tempo, se classifica para a fase final da série C -

O domingo que começou com a falta de maturidade de Lewis Hamilton, que terminou dando sobrevida aos concorrentes para o próximo GP, o do Brasil, caminhava para a monotonia, mas ainda restava a rodada final da serie C. O Bahia precisava de um milagre. Precisava de que o ABC de Natal, não perdesse para o Rio Branco do Acre, na Arena da Floresta, casa do time acreano. O time da região amazônica havia vencido todos os jogos que disputou no caldeirão florestal. Além disso, o Bahia precisava vencer seu jogo. Mas isso era o de menos, o Bahia em enfrentava o FAST Clube de Amazonas, que só havia conseguido 1 ponto, nessa fase, justamente contra o Bahia na primeira rodada dessa terceira fase. Fácil seria se o FAST não viesse a Salvador com a intenção de colaborar com a eliminação precoce do tricolor baiano.
Fui como torcedor e como jornalista. Por sinal, jornalista é um ser muito desinformado, uns pseudos da imprensa baiana, anunciaram que o jogo seria as 16h, e este vos escreve chegou ao Estádio Octávio Mangabeira por volta das 15h30 e ai foram longas duas horas e trinta minutos de espera, já que o jogo começaria realmente as 18h.
Pouco mais de 8 mil torcedores comparecem, nem de longe lembrou os públicos que a Fonte Nova se acostumou a pegar esse ano. Mas eram 8 mil confiantes e esperançosos tricolores.Não tinham nos rostos a alegria de sempre, típica da torcida do maior do norte nordeste. Tinham semblantes tensos, preocupados.
Veio o jogo e o Bahia não jogou, assistiu ao FAST que jogava muito bem. Meu instinto jornalista dizia que seria uma noite complicada. Da Arena da Floresta vinha a boa noticia, torcedores tricolores com radinho no ouvido comemoravam, eu sem auxilio dos futuros colegas de profissão, esperava que aqueles que ouviam repassassem a informação, era gol do ABC, as pessoas comemoravam, cheguei a repassar a informação, até ser informado por uma colega jornalista e torcedora como eu, de que não havia sido gol do ABC e sim um pênalti para o Rio Branco que havia sido defendido pelo goleiro do time do Natal. O primeiro tempo terminou 0 a 0. Na Floresta o placar era o mesmo, o ABC ajudava, mas o Bahia não fazia sua parte.
O time demorou de voltar para o segundo tempo, esperou que o jogo no Acre recomeçasse. Cinco minutos depois que a bola voltou a rolar lá, o Bahia voltou a campo. A bola rolou aqui e foi um verdadeiro desespero. O Bahia só jogava bolas na aérea que não causavam perigo ao goleiro amazonense. Em certo momento o time passou a se desesperar, foi com tudo para o ataque, Artuzinho fez alterações e colocou o Bahia com 4 atacantes, o time que não teve uma tática definida ao longo do jogo não tinha nos minutos finais. O FAST se aproveitou e teve dois contra ataques a pique de decidir o jogo, no primeiro o atacante driblou o goleiro tricolor e foi derrubado, pênalti escandaloso que não foi marcado pela arbitragem. No segundo dois atacantes contra o goleiro Marcio e eles fizeram a proeza de perder. Era nítido de que o FAST veio a Salvador para não perder, mas também pra não fazer gols.
Do Acre veio a notícia, terminava o jogo, 0 a 0. Bastava ao Bahia um gol, o jogo aqui chegava aos 45. Vieram 6 acréscimo. Por sinal, justos. O FAST encenou muito, logo disso se pode isentar o arbitro, se bem que isenta-lo depois da não marcação do pênalti e da primeira expulsão amazonense, até agora sem justificativa, é verdadeiramente impossível. O milagre do Floresta já havia acontecido, restava o da Fonte Nova, e ele veio ao 50 minutos, o sofrível Carlos Alberto cruzou na área, e o pé de coelho Charles desviou pro fundo, era o segundo milagre, que causou o terceiro.

Os 8 mil apaixonados presentes e outros tantos em suas casas e bares, entraram em êxtase, não havia sido gol do time vergonhoso que vestia as cores do Bahia, era justamente um gol daquele manto sagrado, um gol do manto azul, vermelho e branco. Ali o lado jornalista já não existia, ele já havia esquecido do péssimo futebol demonstrado, da ridícula arbitragem, do comodismo da diretoria. Ali era só o Bahia. E um grito preso na garganta. Era impossível de acreditar o Bahia estava classificado. Se via lágrimas nos olhos daqueles eufóricos torcedores, há muito não tínhamos tanta emoção, era inenarrável, só dava pra comemorar e se orgulhar de ter sido este o time que escolhi pra torcer. Só dava pra relembrar as primeiras idas ali ainda em companhia do saudoso avô tricolor. Só dava pra ir pro meio da galera cantar: - Bahia! Bahia minha vida! Bahia meu orgulho! Bahia meu amor!


O milagre das três cores estava realizado. Dêem-nos ao menos 24 horas para comemorarmos, depois voltemos a nossa realidade. Que alguém diga aos jogadores que é preciso raça para vestir as cores do Bahia, é preciso amor a camisa e coração na ponta da chuteira. É preciso dizer ao treinador Artuzinho, de que precisamos de um esquema tático, de um meio campo que jogue. De laterais que apóiem e defendam. Precisamos jogar futebol. Por que nas arquibancadas a força estará sempre a disposição.

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