terça-feira, 2 de outubro de 2007

Literatos

A partir de hoje as terças e quintas o Receptáculo passa a "constranger" as pessoas com crônicas e contos. Pra começar tem o inédito, "De volta a vida", nome sugestivo para a ocasião. Bonne lecture!


De Volta a Vida

Os pêlos já não tinham onde brotar na pele áspera.

E eram muitos.

Já havia passado à hora de fazer a barba.

Ele só não via motivos para tal.

Mas naquela manhã esta era a intenção.

Ficou por alguns minutos se olhando no espelho.

Passou mais de uma vez a mão sobre o rosto peludo.

Tinha nos olhos uma certeza.

Uma convicção.

Enquanto preparava o corte, imaginava a razão pela qual voltara à vida.

Cabelos longos, rosto meigo, formas bem definidas.

Só ainda não havia conseguido entender por que ele.

Jamais poderia esquecer à tarde cinzenta onde se surpreendera com aquela beleza que pedia sua atenção.

E então se embriagara de paixão.

Quando cruzou a portaria do Recanto da Felicidade foi recebido por um olhar surpreso do porteiro.

Estupefação logo transformada em alegria, através de um sorriso.

“Ele voltara a viver”

Os dois anos de saudade, dor e barba, haviam ficado para trás.

A outra havido sido esquecida.

Sequer respirou fundo, e já conseguiu sentiu o cheiro do mar.

Por alguns instantes apenas contemplou aquela imensidão.

Durante 24 meses passara por ali todos os dias.

Mas em nenhum desses sentira aquela presença.

Não importava.

Não era necessário.

Nada era preciso

Mas na cinza tarde de quarta-feira ele voltara a viver.

Simplesmente porque voltara a amar.

Platonicamente sim, mas voltara.

Ao lado do prédio destino, onde já podia avistar a janela da causa da sua embriaguez, parou.

Cumprimentou a senhora que por dois anos lhe deu bom dia, sem ouvir nada como resposta.

Ela sorriu.

Pela primeira vez ele sentiu a doçura e a sinceridade que sempre estiveram a sua disposição.

Retribuiu com um sorriso.

Ela sequer imaginara que aquele homem de aparência jovial, cabelos bem penteados e cheiro agradável era aquele mesmo que por muito tempo ficara ali naquela calçada a contemplar o nada. Barbudo e fétido.

Ele percebeu que ela vendia flores.

Nada mais apropriado para a ocasião.

Sentiu os diferentes aromas.

Quase que no mesmo instante viu na janela aquela por quem voltara a viver.

Ansiosa. Talvez tensa.

Parecia esperar por alguém. Era por ele

Comprou rosas.

Andou menos de 50 metros.

Entrou no imponente prédio de nome sugestivo.

“Morada dos Amores”

No elevador, apertou o botão do 7º andar.

Se ele voltara a viver porque voltara a amar;

Estava a instantes de voltar a viver intensamente.


Um comentário:

Anônimo disse...

oh
q fofo eric
gostei mto, mto mesmo!!!

shalom!!!