quinta-feira, 2 de abril de 2009

Melhorou no placar, mas não no futebol

Depois da atuação de domingo e de conhecer a escalação para o jogo diante do Peru, me desanimei em assistir Brasil e Peru. Não sei se era mesmo desanimo ou boicote, o certo é que pouco antes da seleção entrar em campo começou no Teatro Castro Alves, maior e mais importante de Salvador, a premiação do Troféu Dodô e Osmar, entregue aos melhores do carnaval 2009 na Bahia.

Por sinal o prêmio deve ter algo relacionado com a quaresma, porque eu já nem lembrava mais do carnval, mas enfim. Não assisti ao primeiro tempo da partida de Porto Alegre. Nem um lance sequer. E quando a bola ia rolar para o segundo tempo, Gilberto Gil emendou 'Touche pas à mon pote', mas ai pra sorte do time de Dunga, deu tempo suficiente de ouvir a peróla de Gil em parceria com Ivete Sangalo e voltar pro jogo antes de começar o segundo tempo.

Pelo que diziam os comentaristas das partidas na TV, o primeiro tempo havia sido bom. Bom no caso quer dizer: Bem melhor do que diante do Equador. O placar já era de 2 a 0. Um gol de pênalti e outro ilegal, ambos de Luis Fabiano. Veio o segundo tempo e o time de Dunga não convenceu, talvez com freio de mão puxado em virtude do placar já favorável. Porém a torcida gaúcha cobrava, queria mais. Merecia mais. E o Brasil infinitamente superior que o Peru tinha obrigação de oferecer mais. No entanto muito pouco foi oferecido, pouco futebol e um gol de Felipe Melo em uma boa e atrapalhada arrancada, concluída com categoria. A seleção venceu, goleou e todo mundo ficou aparentemente feliz. Mas eu tirei outras conclusões do momento:

Temos um goleiro em excelente fase, apesar de passar 88 minutos do jogo só assistindo, quando requisitado ele esteve lá. Apesar de adiantado, fez um defesa excepcional no único lance de perigo da seleção peruana.

Diferente do jogo de domingo, Daniel Alves (lembrando que eu só vi o segundo tempo) fez uma grande partida. Lançou Kaká quando este sofreu a penalidade, e lançou Luis Fabiano duas vezes para este marcar dois gols, sendo que um deles foi anulado (apesar de que os dois foram irregulares).

Lúcio é um grande zagueiro, uma figura e tanta, até pedalar ele pedalou, mas vale lembrar que contra o Peru também, até eu me "arriscaria". Gostei de ver Miranda em campo, apesar de nervoso em alguns lances, algo me diz que ele tem um grande futuro com a amarelinha.

Kléber é uma insistência chata de Dunga. Um erro tão grande quanto foi por anos Gilberto. Temos problemas naquela lateral. Até Roberto Carlos sabe disso e vive dizendo que pensa em voltar. Obrigado Roberto, mas a gente se vira.

Quando Felipe Melo arrancou no lance do gol, ele dividiu uma bola com um jogadore peruano e Kaká. No momento eu temi que pela forma que o ex-flamenguista foi na bola, achando que ele poderia machucar Kaká. Ainda bem que isso não ocorreu e pra melhorar, na sequência do lance, ele marcou com categoria um belo gol. Eu até gostei da entrevista dele ao final do jogo, falando sobre a necessidade de absorver as críticas construtivas e a emoção de marcar pela seleção com a presença da família. Me pareceu ser um menino que hoje tem a cabeça no lugar, religioso e grato. O abraço afetivo dado no auxiliar Jorginho depois do gol, foi bem legal de se ver, mas....eu nem vou dizer que Felipe e seu companheiro de marcação Gilberto Silva, não conseguem acertar um passe de dois metros. Só vou dizer que ver os dois em campo sabendo que Anderson, Lucas, Ramires e Hernanes (!!) estão de fora assistindo é dose. Sinceramente na minha opinião, Felipe Melo é mais uma invenção de Dunga, como foi Afonso Alves. É quase um Leomar da era Leão. Gilberto Silva é outro. Não dá mais.

Elano voltou a ser o bom jogador que talvez seja o que melhor represente a era Dunga. Numa prova (ou seria um voto de confiança de minha parte) de que nem tudo está perdido. Gosto do futebol de Elano. Ontem ele não fez nada de excepcional, mas ao menos no grupo de Dunga ele tem lugar por merecimento.

Kaká dispensa comentários. É um líder nato, conhece futebol, sabe das coisas. Gosta de se cuidar, não exibe barriguinha sexy (?!). É tudo que Dunga e qualquer time ou seleção do mundo precisa. Com ele vamos mais longe a qualquer lugar.

Luis Fabiano pode não ser um Careca, Romário ou Ronaldo, nossos últimos grandes matadores da seleção, mas é goleador. Conhece o caminho. Hoje com a cabeça de gente grande dá provas que pode sim ter a confiança do povo brasileiro. Gosto do nosso atual camisa 9. Ele é a prova de que não é necessário inventar, basta usar o que se tem de melhor. E esquecer Afonso Alves. Já Robinho é um caso a parte. É craque e sabe disso, talvez este seja o grande problema. Robinho hoje, ou ao menos o de ontem contra o Peru, era muito mais um Robinho "a estrela" do que um Robinho "o craque". Saber jogar ele sabe e demais, é só querer.

Não gostei de Dunga ter dado uma de populista e ter colocado o Pato em campo, não sei se era jogo pra ele. Eu teria posto Júlio Baptista mais uma vez. Gosto do Júlio e também do Pato. Mas fiocu algo que "para alegrar o torcedor". Se é pra ser assim tomara que para o jogo de Recife contra o Paraguai no dia 9 de junho Dunga leve o garoto Ciro e faça a alegria do povo pernanbucano.

Meu medo é quando chegar a vez de Salvador em outubro, diante da Venezuela e ele inventar de fazer uma gracinha para os times da capital. Ainda bem que por aqui Felipe Melo, Kléber e Gilberto seriam craques, logo nenhum dos medianos atletas que atuam no calor soteropolitano correm o risco de vestir o manto amarelo ( ou será que correm?!). Mas eu vou pedir o Daniel Alves em campo! Eu e toda a torcida tricolor que deve lotar Pituaçu, caso a CBF confime a partida do dia 14 de outubro no estádio. Assistindo ao garoto jogar, dá um saudade dos tempos de Fonte Nova, onde "o tal do Daniel" já era visto como uma grande promessa.

Meu medo quanto ao Brasil em Pituaçu é a exigência do torcedor baiano, que sabe vaiar mesmo. Afinal Dunga e Jorginho devem se lembrar muito bem da Copa América de 89, quando jogando na Fonte Nova a seleção de Lazzaroni foi vaiada e o motivo: a não convocação do atacante Charles, artilheiro do Brasileiro daquele ano e grande destaque tricolor.

Por fim, Ronaldinho Gaúcho. Toda vez que ligo a Play Station pra jogar Liga dos Campeões e vibro com cada peripercia do Gaúcho sob meu comando fico deprimido ao cair na real e perceber que hoje ele não faz mais nada daquilo. Hoje ele é um jogador comum com uma barriguinha a mostra. Uma pena. Triste. E podia ser neste 1º de abril uma grande mentira. Mas é a pura verdade.

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