sábado, 4 de abril de 2009

Glória do Desporto Nacional: Inter 100 anos

Na minha vida futebolística, semeada durante os anos 90, sempre tive uma admiração ímpar pelo futebol gaúcho. Sempre vi ali algo que mistura o raça uruguaia, a paixão argentina e o talento brasileiro, por isso sempre vi no futebol do Rio Grande, um futebol a se espelhar. Nesse período o time do sul que me encantava era um tricolor, o Grêmio. Time de Scolari, Dinho, Adilson, Paulo Nunes, Arilson, Jardel e tantos outros.

Porém o time de camisas vermelhas sempre me deixou com uma pulga atrás da orelha, não sabia ao certo o porque, já que não havia visto este ser campeão muitas vezes. A maior ligação devia ser mesmo o fato de ter sido o Internacional, o adversário do Bahia na final do Campeonato Brasileiro de 88. A final mais distante de todos os Brasileiros. Um time do sul e um do nordeste, separados por mais de 3 mil quilômetros, mas unidos pela paixão pela bola.

Mas o tempo passou, e assim me tornei muito mais um torcedor do futebol do que um time em si. As histórias dos clubes me encantavam, independente do fato de serem rivais ou não. E as poucos fui conhecendo a história do Sport Club Internacional. O Inter de Porto Alegre.

Como já disse neste blog anteriormente, me encantei pela história do clube que tem como um dos grandes ídolos um tal de Valdomiro, que sabia marcar gols como ninguém. Ainda Figueroa e Falcão. E o melhor, uma torcida que se orgulha de ser a do “Planeta dos Macacos”, a do time do povo e um mascote que é a cara do Brasil. E foi este time que aprendi a admirar. E na metade da primeira década do século, o Colorado passou a ser verdadeiramente Internacional.

Em 2006 o time de Fernandão e Abel Braga, conquistou a América e nos pés de Gabiru tingiu o mundo de vermelho diante do imponente Barcelona. Daí em diante, eles não se cansaram, se tornaram campeões de tudo(!) e conquistaram ainda mais admiração pelo Brasil e pelo mundo. O Inter deixava de ser uma paixão de metade do Rio Grande do Sul para ser um patrimônio e orgulho do Brasil.

É preciso ser grande para receber no centenário homenagens tão belas vindas de todo o país, inclusive do maior rival. A festa do Inter tornou-se a festa do Brasil e de todos os brasileiros, que tem nas veias a marca colorada.
O centenário do Inter comemorado de forma tão linda e justa para a grandeza do clube, me deixou com uma sensação de alegria pelo sucesso de uma grande clube. Um clube que apostou no profissionalismo e traçou metas. Um clube que mostrou ser possível fazer a paixão maior do brasileiro com planejamento.

A festa deste sábado com a presença de muitos dos grandes heróis do clube foi uma mostra da paixão e do profissionalismo. Foi emocionante ver Falcão, Figueroa, Valdomiro, Claudiomiro e quem diria, alguém não muito querido até um certo jogo em dezembro de 2006, Adriano Gabiru, serem ovacionados pela torcida colorada em um momento único.

O Inter merece todos os parabéns do mundo pela grandeza, pela força, pelos títulos, pela torcida apaixonada (e educada como poucas!), pelo profissionalismo e acima de tudo por ser uma realidade e um exemplo a se seguir. "Vamu vamu Inter!"

A fórmula do sucesso:
Nesta semana de comemorações coloradas, conversei por telefone com o vice presidente de Marketing do clube gaúcho, Jorge André Avancini. O dirigente falou sobre a expectativa para as comemorações, o que mudou para que o clube se transforma-se numa máquina de conquistar títulos, além da possibilidade de ver Bahia e Vitória com o mesmo grau de profissionalismo. Confira o bate papo e saiba os segredos de um clube trilegal que se tornou um dos maiores do mundo.

ELC- Como é que está a expectativa para a festa do centenário?
Jorge André Avancini - A expectativa é grande e a melhor possível. São cem anos de um clube vitorioso, campeão de tudo. E pra nós é uma honra, porque poucas instituições conseguem chegar aos cem anos da forma que nós chegamos.

ELC- O Inter de hoje, campeão de tudo, deixou de ser um clube grande do Brasil para se tornar uma força mundial. A partir de que momento começou essa mudança?
Jorge André Avancini - Olha, como em muitas mudanças, a nossa começou em um momento de crise. Em 2002, o Inter quase foi rebaixado para a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro. Então, o nosso presidente Fernando Carvalho disse que não queria mais aquilo pro Internacional, era algo que não cabia a um clube como o Inter. Então foi feita uma profissionalização, com a inserção de conceitos modernos de administração. E que passou a dar resultados. Tinhamos no planejamento a meta de em 2009 conquistarmos um título internacional e este veio três anos antes, em 2006. Isso a partir de um planejamento como é feito em qualquer empresa.

ELC- Qual foi a principal mudança dentro da estrutura do clube, a partir desse momento da profissionalização?
Jorge André Avancini -Mudou o conceito. A forma do clube passar a ser visto de um clube sem planejamento para um clube que se planeja. Um clube com torcedores sócios e com colaboradores que possuem experiência no que fazer. Todos os diretores do Inter hoje são pessoas do ramo, então tudo isso mudou. Temos um quadro de funcionários que é muito forte.

ELC- E o projeto de 100mil sócios, qual a importância dele no clube?
Jorge André Avancini - A importância é o fortalecimento do quadro social do clube. Um quadro social forte, competente. São 80 mil sócios. Temos o segundo maior número de sócios na América Latina e o sétimo do mundo. Para se ter da importância desse quadro social, na última eleição em dezembro de 2008, tinhamos 25mil sócios aptos a votar, então o projeto fortalece o quadro social, ajuda a democracia dentro do clube.

ELC- Em relação ao tratamento dado aos ex-jogadores do clube, os ídolos como é o tratamento dado a eles?
Jorge André Avancini - O Inter sabe tratar seus ídolos com a atenção que merecem, até porque eles são parte desta história. E muitos deles estarão presentes na festa do dia 04 de abril. Fizemos questão de convidar esses ex-jogadores, e aqueles que tem disponibilidade estarão conosco na festa. Figueroa, Falcão, Carpegiani, Dadá, Valdomiro, Claudiomiro e tantos outros, que fazem parte da história do Internacional estarão conosco.

ELC- Ao mesmo tempo em que o Inter cresce nas conquistas, cresce também a torcida. Como vocês pretendem assimilar o crescimento da torcida colorada no Brasil?
Jorge André Avancini - Essa é justamente a nossa intenção, de fazer do Inter o segundo clube no coração do brasileiro. Hoje temos sócios não só por todo o Brasil, mas na California, na Nova Zelândia, no Chile. E tudo isso é um função de um trabalho democrático. O Inter é um cluber inovador. Foi o primeiro clube no Brasil há instituir eleição para presidente e quadro social,isso há quatro gestões. Hoje temos 25 mil sócios aptos para votar. O verdadeiro dono do clube é o sócio, nós somos instrumentos desse torcedor. Tudo isso é feito para o sócio, para o torcedor colorado.

ELC - O marketing do clube lançou no ano passado um boneco do jogador Guinazu, que teve uma grande identificação com a torcida, como é que foi a aceitação do torcedor?
Jorge André Avancini - O Guinazu é um atleta que tem uma grande identificação com o clube, e apostamos no projeto, que foi muito bem recebido pelo torcedor. Já estamos trabalhando com as marcas do D'alessandro e do Nilmar. Pra que se faça um boneco daquele, somente o processo de modelagem, de deixar ele pronto dura de quatro a seis meses, mas é um projeto muito bem recebido e que continuaremos.

ELC- Agora trazendo esse crescimento da instituição Internacional para as realidades dos clubes baianos, a partir desta profissionalização que ocorreu no Inter, você acredita ser possível trazer esta realidade para clubes como Bahia e Vitória? Qual seria a dica?
Jorge André Avancini - Com certeza é possível. A Bahia assim como aqui no Rio Grande, tem uma rivalidade fantástica. A questão é o profissionalismo, é planejamento, e também aceditar no torcedor. Futebol é feito de paixão, não é um produto que quando você não quer mais, você descarta. Você não deixa de ser Bahia ou de ser Vitória, então é preciso despertar essa paixão. Dirigentes de Bahia e Vitória já estiveram aqui conosco, nos visitando para conhecer o modelo de profissionalismo do Inter, e pra que a gente passasse um pouco da experiência que foi profissionalizar o Inter. Então é possível sim.

ELC- E os demais planos para o centenário em 2009?
Jorge André Avancini - O plano é a consolidação da posição do Colorado no cenário nacional, estamos fazendo um trabalho de exposição da imagem do clube no exterior. Temos a intenção de vencer os seis campeonatos que estaremos disputando neste ano. Já somos campeões do primeiro turno do Campeonato Gaúcho, e fazer deste ano um grande ano para o Internacional.

A entrevista foi publicada originalmente no Portal Itapoan Online.

Em tempo: O Internacional confirmou nesta sexta (03/04) que a cantora baiana Ivete Sangalo fará parte da comemoração do centenário do clube. A baiana fará um show no dia 17 de dezembro no Beira Rio, ao lado de Zeca Pagodinho e Martinho da Vila.

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